segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Familias

Era uma vez, uma casa. Uma casa onde existia uma família, uma família normal. Com uma mãe, um pai, uma filha com os seus 15 anos e um rapazinho com 10 anos. A casa, era a casa mais bonita do bairro, tinha o jardim mais bonito que alguma vez já se vira, e mãe era a melhor cozinheira nas redondezas, o pai era um importante homem de negócios, e os filhos eram os miúdos com as melhores notas da escola e o melhor comportamento, ou seja uma família perfeita. De certeza que quem esta a ler isto deve se imaginar a ter uma família assim tão boa. Mas as aparências iludem…


Numa certa manha, numa manha como todas as outras. O pequeno-almoço estava em cima da mesa, bem quentinho e muito cheiroso, a típica manha desta família, o pai na ponta da mesa os filhotes num lado da mesa e mãe ao lado do pai, com uma mesa muito bonita, com uma garra de flores, com pãozinho quentinho, café, leite, cereais, torradas… tudo o que pode de existir de bom para se comer. E em pé estava a servir a empregada. A típica empregada, muito simpática e prestável. Mas ela não tinha assim dinheiro para dar uma mesa tão bonita como aquela aos seus filhos, nem a casa, nem as roupas. A típica empregada a qual não fazia parte da família, mas que conhecia melhor os cantos daquela casa do qualquer outra pessoa, a típica empregada que sabia tudo sobre o que o pai e a mãe gostavam no seu café, a típica empregada… que se deixava explorar por tudo e por todos, a típica empregada com o bom coração e ao qual não fazia mal a ninguém. Mas esta empregada, também é uma mulher, também tem uma vida, também tem sonhos! Ela não quer passar o resto da sua vida a aturar os caprichos dos filhos dos outros, tento em casa os seus filhos sem comida para lhes dar. Mas esta família, por mais perfeita que parecesse era a pior e a mais desunida de todas que possa existir. O pai parecia um homem serio e que não fazia mal a ninguém, mas tinha negócios escuros e para não falar nas traições… A mãe parecia saber fazer tudo e ser uma boa dona de casa, mas nem sabia estrelar um ovo, tudo o que ela supostamente fazia, era a empregada. Os filhos… esses nem se falam… A mais velha era a rapariga mais mal comportada da escola e uma miúda mimada, mas como os pais não queriam que os vizinhos pensassem mal deles davam uma recompensa ah escola por aturar a sua filha, e a escola esquecia o assunto. O filho… esse é o único que se safa desta família doida. Era um bom menino, sempre preocupado com os outros, a ajudar sempre o próximo. O pequeno menino como via a empregada muito atarefada com aquela casa tão grande (e que tinha de estar sempre impecável), o menino ajudava, tudo sem os pais saberem por que eles não queriam ‘’Não quero que te dês com essa gente!’’ era o que os pais diziam quando o menino brincava com os filhos da empregada.

O menino sorria sempre quando a empregada estava por perto, naquela casa que é supostamente uma casa de bonecos, em que todos são perfeitos, naquele mundo frio onde não havia amor mas sim mateiras para o substituir. O olhar triste do menino fazia doer o coração ah empregada enquanto lhe servia o leite, e ainda magoava mais por os pais não repararem. Pois claro que não reparam cada um esta no seu canto, o pai cheio de pressa para ir para o trabalho e a mãe ao telefone com as amigas. Acabam de tomar o pequeno-almoço os meninos vão com o motorista para a escola privada.

A uns metros abaixo desta casa perfeita e com uma suposta família perfeita. Esta a casa da empregada, uma casa pequena, muito simples e não muito arrumada, não por ela não ser limpa, mas sim por não ter tempo de o fazer. O pequeno-almoço é feito pelos filhos por que a mãe esta em casa de outra família a trabalhar. Os meninos não têm pai, o homem por que não se chamada de pai quem abandona os filhos. O homem quando soube que ela estava grávida, fugiu. A família da empregada é um pouco grande, tem um filho mais velho que tem 14 anos o mais novo que tem 10 e o pequenino com 2. A empregada tem um namorado mas ele com é camionista esta sempre a viajar e nunca consegue ajudar em casa. Os meninos preparam se, e vão para a escola publica, de autocarro.

O almoço em casa da família rica não é feito em casa. É feito ou num restaurante com os parceiros de negócios, com as amigas do cabeleireiro, com os colegas da escola, ou na cantina com o resto dos meninos. O almoço da família da empregada já vai feito de casa para não gastarem muito dinheiro, precisam de dinheiro para pagar a conta da luz, da renda, da agua, do gás…

O jantar é feito na sala de jantar, uma sala muito grande, com uns candelabros no tecto, uma loiça muito cara, uma toalha para a mesa de seda, uns copos de cristal… Tudo do bom e do melhor. Depois do jantar cada um vai para um lado da casa, a mãe vai para a sala ver a novela, o pai ou vai para o escritório ou vai sair, e filha ou fica no quarto ou vai sair com os amigos, o menino vai ter com a empregada, enquanto ela lava a loiça, o menino senta se ou ajuda e durante isso conversam sobre tudo.

Depois de um dia de limpar de lavar e cozinhar a empregada vai para casa. Vai ter com os seus filhos, ajuda-los a fazer os trabalhos de casa, arrumar um pouco a casa, preparar o almoço para o dia seguinte, e se ainda tiver tempo vai namorar um pouco ou brincar com os filhos, depois vai dormir. Por que no dia seguinte vai tudo começar outra vez.

Esta historia devia de ter um final feliz, onde a empregada acabava por ganhar o euro milhões, o pai da família perfeita é despedido e apanhado pela a mulher com outra, a mãe é posta na rua e acabar como mulher de limpezas, a filha acabando por ser expulsa da escola e o menino ficar com a empregada. E a empregada a ficar com a casa perfeita e com uma vida de sonho. Mas isso é nas historias, isto é um retrato da vida real, da vida como eu a vejo. Pode ser que outra pessoa qualquer que reescreva esta historia e que dê um final feliz, mas isso era esconder a realidade. Esta é a verdade da vida, nua e crua.

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